Proteger o mar profundo: investigadores pedem cautela à medida que as soluções climáticas baseadas no oceano se expandem.
À medida que os esforços para combater as alterações climáticas se voltam para o oceano, um novo artigo científico publicado por um grupo de investigadores - de entre os quais a nossa colega Ana Colaço do Instituto OKEANOS-UAc - alerta para o facto de não devermos sacrificar o mar profundo nesse processo. Os métodos de remoção de dióxido de carbono marinho (mCDR) — como fertilização oceânica, armazenamento de carbono e alcalinidade aumentada — visam retirar CO₂ da atmosfera, mas muitas dessas técnicas dependem do oceano profundo para armazenar esse carbono.
Os cientistas alertam que essas práticas podem prejudicar os ecossistemas do mar profundo, que são ricos em biodiversidade, mas ainda pouco compreendidos. O estudo destaca riscos como perda de oxigénio, sufocamento do habitat e danos a espécies delicadas do fundo do mar.
Os autores sugerem a necessidade de mais investigação, incluindo experiências em laboratório e em campo, modelos computacionais e estudos de caso do mundo real, para compreender melhor as consequências, antes da implantação em grande escala. Enfatizam também a importância da cooperação internacional, do acesso justo a oportunidades de investigação e de fortes salvaguardas ambientais.
“O oceano profundo não é um vazio — é um sistema vivo que sustenta o nosso planeta”, afirmam os investigadores. “Precisamos protegê-lo enquanto trabalhamos em soluções climáticas.”