MegaMove: Investigadores do Instituto Okeanos integram estudo global apoiado pela ONU
𝐌𝐞𝐠𝐚𝐌𝐨𝐯𝐞: 𝐈𝐧𝐯𝐞𝐬𝐭𝐢𝐠𝐚𝐝𝐨𝐫𝐞𝐬 𝐝𝐨 𝐈𝐧𝐬𝐭𝐢𝐭𝐮𝐭𝐨 𝐎𝐤𝐞𝐚𝐧𝐨𝐬 𝐢𝐧𝐭𝐞𝐠𝐫𝐚𝐦 𝐞𝐬𝐭𝐮𝐝𝐨 𝐚𝐩𝐨𝐢𝐚𝐝𝐨 𝐩𝐞𝐥𝐚 𝐎𝐍𝐔 𝐪𝐮𝐞 𝐢𝐝𝐞𝐧𝐭𝐢𝐟𝐢𝐜𝐚 𝐚́𝐫𝐞𝐚𝐬-𝐜𝐡𝐚𝐯𝐞 𝐩𝐚𝐫𝐚 𝐜𝐨𝐧𝐬𝐞𝐫𝐯𝐚𝐫 𝐦𝐞𝐠𝐚𝐟𝐚𝐮𝐧𝐚 𝐦𝐚𝐫𝐢𝐧𝐡𝐚 𝐚̀ 𝐞𝐬𝐜𝐚𝐥𝐚 𝐠𝐥𝐨𝐛𝐚𝐥
Seis investigadores do Instituto Okeanos, da Universidade dos Açores, integram um consórcio internacional de quase 400 cientistas de mais de 50 países que traçou os movimentos de mais de 100 espécies de megafauna marinha, identificando áreas oceânicas críticas para a sua conservação. O estudo, publicado na prestigiada revista Science, integra o projeto global MegaMove, reconhecido pelas Nações Unidas.
A investigação, liderada pela investigadora portuguesa Ana Sequeira (Australian National University - ANU), contou com a participação ativa de Bruno Macena, Frederic Vandeperre, Jorge Fontes, Mónica Silva, Pedro Afonso e Rui Prieto. A colaboração destes investigadores dos Açores reforça o papel de destaque da ciência produzida na região no contexto da conservação marinha à escala global.
O estudo alerta para a necessidade urgente de expandir e repensar as áreas marinhas protegidas, atualmente abrangendo apenas 8% do oceano — um valor considerado insuficiente para salvaguardar as rotas migratórias, zonas de alimentação e repouso das espécies marinhas de grande porte, como tubarões, baleias, tartarugas e focas. Embora o novo Tratado da ONU para o Alto Mar, já assinado por 115 países, proponha a proteção de 30% dos oceanos até 2030, os autores do estudo sublinham que esta meta, ainda que importante, não cobre todas as áreas críticas identificadas.
O objetivo central do estudo foi mapear os espaços oceânicos utilizados pela megafauna marinha para comportamentos fundamentais, com base em padrões reais de movimentação registados ao longo dos últimos anos. Esta abordagem permite, pela primeira vez à escala global, uma visão concreta de onde a proteção pode ser mais eficaz.
Os investigadores do OKEANOS contribuíram com dados valiosos sobre o Atlântico Norte, demostrando a importância dos Açores como um hotspot para a migração da megafauna oceânica pelágica e o papel dos Açores como uma região estratégica para a investigação e conservação marinha global. “Esta colaboração internacional mostra o alcance e importância do trabalho que desenvolvemos nos Açores, não só para compreender as espécies e os ecossistemas da região, mas também para contribuir para soluções de conservação do oceano à escala global”, destaca Jorge Fontes, investigador do OKEANOS.
O estudo está também alinhado com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas, nomeadamente o Objetivo 14 (Proteger a Vida Marinha), e com a Meta A do Quadro Global de Biodiversidade de Kunming-Montreal, que visa travar a extinção induzida por ação humana.
Para além das áreas protegidas, os investigadores defendem a aplicação de medidas complementares, como a alteração de artes de pesca, o uso de luzes adaptadas em redes ou o redesenho de rotas marítimas e redução da velocidade das embarcações, como formas eficazes de reduzir os impactos humanos sobre estas espécies.
“Os oceanos são essenciais para o bem estar humano, mas o seu funcionamento está a ser alterado drasticamente e a uma velocidade sem precedentes pelas nossas atividades. Só com ações concertadas, audaciosas, e imediatas poderemos retomar o controlo sobre a dimensão do impacto, que já é inevitável” - conclui Rui Prieto, investigador do Okeanos.